O CAMINHO DO NORTE POR ELENA JIMENEZ

Meu nome é Elena, eu tenho 45 anos e vivo em Alcalá de Henares, uma cidade muito bonita a 30 km de Madrid. O meu maior hobby é viajar, conhecer novos lugares, seu povo, suas paisagens e cultura. E se a esses lugares se pode ir caminhando, melhor, já que outro dos meus hobbies é fazer trilhas a pé, por esse motivo comecei a minha jornada no Caminho de Santiago, Francês e o Caminho do Norte.

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No ano passado eu fiz o Caminho Francês, onde conheci a Denise, uma pessoa cativante, engraçada e amorosa. Este ano eu queria fazer o Caminho do Norte, já conhecia alguns lugares como Astúrias e Cantábria, mas não tinha ido ao País Basco. Outra razão que me levou a fazer essa viagem foi para levar o logotipo da AFA (Associação de Familiares de Alzheimer) e divulgar a associação, pois estou ligada a eles, uma vez que meus pais sofrem desta doença.

AFA (Associação de familiares e doentes de Alzheimer) AFA (Asociación de familiares de enfermos de Alzheimer)
AFA (Associação de familiares e doentes de Alzheimer) AFA (Asociación de familiares de enfermos de Alzheimer)

 Como foi a Jornada

Em 18 de Abril eu comecei caminho a partir de Irún e cheguei em Santiago em 20 de maio. No total, foram 33 dias, sem descanso, embora em alguns trajetos eu tive que fazer de ônibus, por algumas razões, como por exemplo, havia uma etapa que não existia nenhum albergue aberto (este, abria apenas durante os meses de Verão, Julho e Agosto). Eu fazia uma média de 25 km por dia.

O caminho é bem sinalizado, mas não tanto quanto o Francês, você precisa ficar mais atenta aos sinais.

Quanto aos peregrinos, há muito menos do que no Caminho Francês, especialmente nos meses fora do verão, e geralmente não é a primeira vez que eles estão fazendo O Caminho, apesar de que a cada ano, mais pessoas se animam a fazer o Caminho do Norte. Na minha experiência, a maior parte do tempo eu caminhava sozinha, mas quando chegava aos albergues sempre encontrava alguém.

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Com relação aos albergues, a rede é menor do que no Caminho Francês. No País Vasco eles são geralmente mais caros do que nas outras províncias (12-18 €), não existindo muitos municipais. Nas outras províncias não há nenhum problema, existem tanto albergues municipais quanto privados. A maioria está equipado com máquina de lavar e secar roupas, mas nem sempre com cozinha, embora em quase todos havia micro-ondas disponíveis.

Tem algo que eu gostaria de compartilhar sobre esse caminho, que é a lista com a rede de albergues que funcionam a base de donativos. Não são todas as etapas que eles estão presentes, mas eu recomendo, porque o espírito que vive nesses lugares é impressionante. Nesses albergues se acolhem os peregrinos e é servido (na maioria dos lugares) jantar e café da manhã, em alguns casos os peregrinos participam na elaboração dessas refeições, tudo de forma comunitária. O primeiro destes albergues é paragem obrigatória, chama-se La Cabaña del Abuelo Peuto.

Albergues y Casas Abiertas a donativos

Mais escassos são os locais de provisionamento, bares e restaurantes. Há longas distâncias que não existem estabelecimentos onde você possa comprar ou comer alguma coisa. No meu caso, quando eu comecei o caminho depois de 2 ou 3 horas mais caminhando, eu ainda não havia encontrado nada. Por isso leve sempre água e um pouco de comida. Os Menus Peregrinos, assim como os preços, são mais ou menos como no Caminho Francês, embora, pessoalmente eu achei, a comida no Caminho do Norte melhor, devido a grande variedade.

Existem fontes de água potável em todo caminho, sem nenhum problema, embora eu sempre enchia a minha garrafa nos albergues.

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Em cada província pode saborear pratos típicos. No País Basco, os seus diferentes pinchos (geralmente trata-se de uma fatia de pão com cobertura de alguma coisa, de acordo com a criatividade de quem prepara), na Cantábria o cocido montañés (guisado com feijão branco, couve, linguiça, bacon e costela de porco) e a quesada (bolo que vai limão e canela com consistência de pudim). Nas Astúrias, la fabada (parecido com feijoada, mas com feijão branco), el cachopo (file de vitela), sidra (bebida típica das Astúrias feita de maça) e o chorizo a la sidra (chouriço defumado, feito de carne de porco e especiarias preparado com sidra). Em todas as regiões são muito populares as sobremesas à base de leite e os seus peixes.

As pessoas em todos os lugares que eu estive foram muito simpáticas e estavam sempre dispostas a ajudar, assim como os hospitaleiros. Para mim este caminho foi mais espiritual do que o Francês, não sei se foi porque eu fiz uma grande parte sozinha, ou por ter sido o meu segundo, e isso me tocou de outra maneira, mas foi totalmente diferente.

Este Caminho, como eu disse, fiz isso sozinha, sem qualquer problema. Certamente há algumas etapas que recomendo que você vá com alguém (por exemplo Xemein, no País Basco), digo isso pela distância (20 km), através da montanha e sem qualquer coisa perto.

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Caminho Francês X Caminho do Norte

Ambos são totalmente diferentes. Para mim, o Caminho Francês é mais cultural, enquanto que ponto forte do Caminho do Norte são os cenários, se veem paisagens espetaculares.

 Às vezes, o caminho passa por praias, falésias, mas nem sempre segue perto do mar. Existem vilas e cidades bonitas com interesse cultural. Por exemplo: San Sebastian, Bilbao, Santander. Embora eu, pessoalmente, prefiro as vilas (tem mais charme): Llanes, Sobrado do Monxes, San Vicente de la Barquera, Mondoñedo, Getaria, etc.

O caminho é mais puxado do que o Francês, especialmente na região do País Vasco, que é todo por montanhas. Em Cantábria, o caminho passa por rodovia e tem que ter cuidado com os carros. Desta vez eu não tive qualquer dano físico nas pernas ou pés. Algo que eu aconselho a todos é hidratar os pés com muito creme. Tudo que fiz durante o caminho foi usar um creme, que comprei em uma loja de fitoterapia, para evitar bolhas, e uma vez terminada a caminhada eu tomava banho, massageava as pernas e pés com um creme anti-inflamatório. Eu vi alguns casos de peregrinos com diarreia por beber água na fonte, por esta razão, sempre enchia a minha garrafa nos albergues ou bares.

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Coisas a considerar no Caminho do Norte

– Esteja mais atento aos sinais;

– Se chover, algumas estradas ficarão barrentas;

– Há muitos cães, a maioria em casas, que podem te assustar (embora eles não façam nada);

– Sempre ir com água e um pouco de comida em sua mochila, já que a infraestrutura é menor do que no caminho Francês.

– Vá com um poncho, quando fui eu tive muita sorte porque choveu apenas 3 dias, mas normalmente o clima é muito chuvoso.

Deixo aqui nesse post algumas fotografias deste inesquecível Caminho.

Autora: Elena Jiménez Rodriguez

Aqui no blog você encontra informações sobre as outras rotas do Caminho de Santiago , incluindo o do Norte, um post exclusivo a respeito do Caminho Português e suas variantes, além de muitos outros conteúdos interessantes. Não deixe de explorar.

Ultreya, suseya y buen camino.

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10 Replies to “O CAMINHO DO NORTE POR ELENA JIMENEZ”

  1. Olá! Fiz o frances no ano passado. Gostaria muito de voltar, mas pelo do Norte.
    Vc observou se tem pousadas na maioria das cidades? Tem o esquema do transporte de mochilas? Qual a quilometragem total? Obrigada pelas dicas. Bjs!

    1. Denise Santos says: Responder

      Oi Rubiane.

      Quem fez esse caminho foi a Elena, eu ainda não fiz. Você poderá encontrar todas as informações sobre albergues, etapa por etapa aqui nesse site: https://www.gronze.com/camino-norte. É bem completo. E sim, por lá também tem o serviço de transporte de mochilas, encontrei esse site aqui: http://greencartrans.webcindario.com/
      Espero ter ajudado.
      Grande abraço, e buen camino.

      1. Denise, boa tarde!

        Eu fiz o Caminho Central Português em 2018 e agora em 2024 estou pesquisando o do Norte, indo no final de março, sozinha. Você chegou a fazer? Se fez, como foi a experiência?

        Obrigada!

        1. Denise Santos says: Responder

          Ainda não fiz o do Norte! Vou ficar devendo essa informação.

  2. Assis Setembrino Machado dos Santos says: Responder

    Obrigado “Santa” Elena Jiménez Rodriguez, pela espetacular narrativa do CNorte. Vou para lá com meus amigos, no dia 6 de setembro de 2016, Sairemos de Biarritz (França). Eu estava apreensivo com o grau de dificuldade, mas depois que li teu relato, fiquei feliz e com grande vontade de começar caminhar logo lá. Li o relato do Guzzo e me assustei um pouco, Mas agora estou aliviado e feliz, OBRIGADO, Elena.

    1. Denise Santos says: Responder

      Fico feliz que tenha te deixado mais tranquila. Quando voltar conta pra gente como foi, vai ser legal pra incentivar outros peregrinos a fazerem essa rota tão linda.

      Buen Camino,
      Denise

  3. em outubro estou fazendo o Caminho do Norte. Agradeço as dicas. BUEN CAMINO.

    1. Denise Santos says: Responder

      Hummmm…inveja branca de vc Luiz. Kkkk brincadeirinha.
      Buen Camino

  4. Belíssima contribuição de Elena, já gostei dela sem a conhecer pessoalmente, quem sabe um dia nossos caminhos cruzam!? Mande um beijo para ela por mim. Se tiver como adquirir a camiseta da AFA eu a usarei no Caminho Francês e até mesmo aqui. Carinhoso beijo para você Denise.

    1. Denise Santos says: Responder

      Pode deixar, darei o seu recado.

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