CASTRILLO DE LOS POLVAZARES, O DESVIO QUE VALE A PENA

Castrillo de los Polvazares é um pequeno povoado a poucos quilômetros de Astorga, onde antigamente viviam os maragatos. Incrivelmente bem conservado e diferente de todos os outros do caminho. Aliás, o traçado original do caminho não passa por lá, é preciso fazer um desvio para poder conhecer essa charmosa vila.

Eu nunca tinha ouvido falar de Castrillo de los Polvazares até que o hospitaleiro do albergue de Astorga me disse: “Denise, se você gosta de história e arquitetura típica, precisa conhecer Castrillo de los Polvazares, o povoado dos maragatos. Terá que caminhar 1 quilometro a mais, só que vale a pena.” Eu que a essa altura do caminho já conhecia bem o conceito amplo de 1km dos espanhóis, já fiquei com o pé atrás, mas na medida que ele me contava sobre a maragatería e o tal povoado, mais eu queria conhecer.

Afinal, quem foram os maragatos?

Os maragatos eram os mascates ou caixeiros viajantes. Entre séculos XVI e XIX eles faziam o comércio entre a Galícia e o interior de Castilla. No começo levavam embutidos e grãos para a península galega e voltavam com peixes salgados, depois começaram a comercializar todo tipo de produtos como vinho, tecidos e até mesmo móveis. Eles eram muito influentes e respeitados, segundo o hospitaleiro, os maragatos transportavam até mesmo os tesouros dos reis, tamanha a credibilidade que tinham.

Em Castrillo de los Polvazares as ruas são largas e calçadas de pedras, bem diferentes dos outros vilarejos antigos do Caminho, foram feitas dessa forma para facilitar o trânsito de carroças, mulas, e para o comércio que existia ali no passado. Outra característica marcante são as casas arrieras, com suas grandes portas, para que os maragatos pudessem entrar com suas carroças cheias de mercadorias. Essas casas contavam com locais para armazenar os produtos e estábulos para os animais.

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Tudo ia muito bem até que em 1866 a ferrovia chegou à Astorga, e a atividade dos maragatos passou a ser exercida com muito mais eficiência pelos trens. Muitos deles migraram para Madri e Galícia, outros cruzaram o oceano e foram parar na Argentina e Uruguai, onde continuaram a exercer a maragatería.

Atualmente esse simpático vilarejo vive do turismo, por lá você vai encontrar lojas de artesanatos e ótimos restaurantes que servem o famoso prato local, o cocido maragato. Trata-se de uma comidinha “nada leve”, composta de ensopado de carnes de boi, frango e porco – assim mesmo, tudo junto – seguida de grão-de-bico e repolho, e para finalizar uma saladinha, logicamente que tudo isso é acompanhado de pão, como mencionei no post anterior, ele é o acompanhamento de todos os prato. O mais curioso é que o cocido maragato é servido ao contrário, exatamente na ordem que escrevi. Eu não comi, pois sou vegetariana, mas me falaram que é divino, entretanto, depois de um prato como esse a única coisa que um peregrino pode fazer é dormir a tarde toda, não é verdade?

Quantos quilômetros a mais eu terei que andar para conhecer Castrillo de los Polvazares?

Eu consultei o meu amigo Google para saber quanto representa esse pequeno desvio que o hospitaleiro falou, e para minha surpresa ele estava errado, caminha-se apenas 500m a mais para conhecer esse simpático vilarejo! Não é incrível? Vale muito a pena. Veja o comparativo abaixo.

comparativo-de-percurso

Para chegar lá é bem fácil, você caminha até o pequeno povoado de Murias de Rechivaldo, lá as setas amarelas vão indicar um caminho a esquerda, não siga, basta ir em frente pela rodovia que você chegará a Castrillo. Apesar de não ter acostamento, essa rodovia tem pouco movimento, e o trecho que você seguirá por ela é pequeno.

Castrillo de los Polvazares não aparece na maioria dos guias do Caminho de Santiago, uma injustiça, pois é muito bonita. Você deve estar se perguntando, ok Denise, chegar é fácil, mas como vou encontrar o caminho novamente? Terei que voltar até Murias de Rechivaldo? Não! Chegando em Castrillo você vai fazer o de sempre, seguir as setas amarelas. Sim elas estão por lá também, e vão te levar para uma estradinha de terra até Santa Catalina de Somoza. Muito fácil e sem erro.

Continue seguindo as setas amarelas.
Continue seguindo as setas amarelas.

Conheça também um pouco sobre  O Cebreiro e Hospital de Órbigo dois outros vilarejos bem conservados e cheios de histórias no Caminho de Santiago.

Ultreya, suseya y buen caminho.

SE TIVER PIQUE, VISITE:

A cidade é muito bem conservada e pequena, caminhe com calma apreciando os detalhes das casas de pedras, as ruas transversais, os brasões sobre as grandes portas ora em arcos ora retangulares, tire algumas fotos,  tome um café em algum bar, e depois siga o seu caminho.

 SE TIVER FOME, COMA:

Cocido Maragato – depois de encarar o cocido maragato você vai precisar fazer a siesta, em hipótese alguma coma um prato desse e na sequencia saia caminhando sob o sol quente, pois você poderá ter uma congestão. Na minha opinião, se você tiver vontade de comer, vai fundo,  afinal o caminho também é uma experiência gastronômica.

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9 Replies to “CASTRILLO DE LOS POLVAZARES, O DESVIO QUE VALE A PENA”

  1. […] Caminho guarda muitas outras preciosidades em forma de pequenos vilarejos, como é o caso de Castrillo de los Polvazares , Hospital de Órbigo, Villamayor de Monjardín e muitas outas.  […]

  2. Telma Lacaia says: Responder

    Estou lendo e amando suas dicas, em abril de 18 farei o caminho é certamente vou visitar esse lugar que achei lindoooo. Obrigada.

    1. Denise Santos says: Responder

      É muito lindo, vale a pena.
      Abç.
      Denise

  3. Marcia Ariete says: Responder

    No ano que vem pretendo fazer o Caminho Francês novamente e desta vez vou passar por Castrillo de Los Polvazares. Obrigada pelas informações!!

    1. Denise Santos says: Responder

      Faça isso, vc vai gostar
      Abç
      Denise

  4. AdrianaPortas says: Responder

    Bacana Denise!! já gravei essa info!! Começo caminho dia 16/09/16 saindo do RioRJ.
    Bjo
    AdrianaPortas

    1. Denise Santos says: Responder

      Olha que legal, tem uma outra peregrina saindo nesse final de semana também, da uma olhada aqui embaixo nos comentários.
      Buen Caminho Adriana.

  5. Ótimo saber! Começo meu caminho nesse final de semana e tentarei me lembrar desse vilarejo.
    Obrigada por toda informação ! 🙂

    1. Denise Santos says: Responder

      Que legal Luana!!!
      Passa por lá sim, vc vai gostar.
      Buen Camino

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